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Docente

  • Foto do escritor: Linda Queiroz
    Linda Queiroz
  • 15 de out.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 21 de out.

Nunca amei lecionar (e continuo não amando). Não sou vocacionada para esta profissão. Aliás, contrariando o que muitos pensam - pelo desempenho que observam - nunca sequer imaginei que seria professora: tímida, calada, insegura… imagina ter que estar à frente de uma sala de aula! Não, nunca imaginei.

A “vida” me colocou aqui e mesmo sem o pensamento consciente de ter que ser, sempre fui responsável e comprometida com o trabalho e isso certamente ajudou nessa caminhada.


Comecei aos 24 anos e, com cara de 19 como os próprios alunos pensavam, logo entendi que teria que “representar” um papel de professora cheia de confiança e autoridade. Lembro perfeita e exatamente o que pensei no dia anterior ao da primeira aula: “Ou eu vou ser a professora “casca grossa” ou esses alunos irão me dominar."

E assim fui: insegura e com medo de receber uma resposta debochada, de ser ameaçada pelo rigor imposto, de ouvir uma pergunta cuja resposta não sabia, de lidar com pais mimados e revoltados… o tempo trouxe uma estabilidade para esses receios. E, naturalmente, habilidades que nem eu sabia que tinha foram desenvolvidas. Hoje eu me expresso verbalmente muito melhor do que quando comecei. Meu “jogo de cintura” para quase todas as situações que ocorrem em sala de aula também. Já lidei com piadinhas, cantadas, afrontas, brigas, discussões, alunos bêbados, drogados, com tédio, com sono, com fome. Sem falar da paciência, que só aumentou.

O tempo estabilizou meu jeito como docente, meus métodos, minha “assinatura”.

Como professores, também estamos frequentemente aprendendo.

De lá para cá muitas mudanças. Não apenas em mim, mas nos próprios alunos.

Tive - e ainda estou - que lidar com uma crescente falta de interesse por parte dos alunos nos estudos e uma triste constatação de que eles não enxergam valor na educação.


Há uma série de “desatrativos” para ser professor no Brasil, é verdade: a estrutura de trabalho é precária, defasada, insuficiente. O salário é incompatível com a complexidade e empenho exigido na profissão. Mas, seguimos. Reconheço principalmente a atuação daqueles colegas que realmente têm amor pela docência. A eles, meu profundo respeito e admiração.


Não tenho, nem nunca tive, a pretensão de ser a professora que quer mudar o mundo. Jamais! Não sou sonhadora a este ponto. No entanto, também tenho consciência de que de alguma forma e em alguma proporção somos responsáveis por mudanças na vida daqueles que querem realmente aprender.

 
 
 

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