Altântico
- Linda Queiroz

- 6 de fev.
- 1 min de leitura
Atualizado: 24 de mar.
Seus olhos não tinham a cor do oceano. Eram de um âmbar cristalino.
Perseguiram-me sutilmente pelos saguões.
Será possível grandes encontros acontecerem assim? Na correria das filas de embarque, na pressa de se chegar ao destino? Meu destino eu conhecia. Mas e o dele? E o nosso?
Foram três encontros de olhares. Junto ao terceiro, um sorriso. Junto ao sorriso, outro sorriso.
Poderia encerrar ali. Não encerrou.
Seus passos ficaram mais lentos e sua boca disparou uma série de perguntas que saíam com um sotaque carregado, esforçado para parecer que dividíamos a mesma nação. As palavras faladas, tornaram-se escritas. Várias foram as perguntas, várias foram as respostas.
Nossos passos começaram a seguir juntos, lado a lado, cada vez mais próximos.
Não parecia ser possível alguém como ele, nas circunstâncias dele, querer alguém que, em uma dezena de horas, estaria a quilômetros de distância!, com um oceano todo nos separando, literalmente.
"Onde existe vontade, existe um caminho..."
Esse tipo de vontade, esse tipo de querer. Tão intenso, tão profundo.
Revolto, furioso e insistente.
Mas, o que fazer com o oceano?



Não nos deixe sem saber o que foi feito com o oceano